sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Nova previsão acertada: no início do mês apontamos uma potencial queda expressiva da AXIA3. E ela caiu 29,70% em apenas duas semanas..

 Conforme previmos no dia 09/12/2025, isto é, há apenas 16 dias atrás, a AXIA3 estava cotada a um preço muito acima do seu valor intrínseco (ou preço-alvo). 

No relatório de análise fundamentalista desta companhia, que publicamos no site do LAFI e aqui no blog em 10/12/2025, mostramos que a ação -  que estava com  o preço de fechamento de R$ 64,79 naquela data -  tinha os seguintes preços-alvos, computados pelos nossos seis modelos de valuation por machine learning: 



E na antevéspera do Natal (23/12/2025), a AXIA3 fechou em R$ 49,95. Quer dizer, em 16 dias ela caiu R$ 14,84 por ação. Uma queda abrupta de 29,70% em apenas duas semanas

E, ainda assim, pelos nossos modelos, a ação continua acima do seu valor intrínseco, podendo cair ainda mais. Continuaremos monitorando o desempenho deste ativo e publicaremos um novo artigo conforme ocorram novas oscilações no preço de AXIA3. 

Por que uma informação antecipada de queda de uma ação pode ser útil para um investidor ou trader? Quem aposta na baixa de um papel no mercado de opções pode seguir estratégias como a compra de opções de venda (puts) para lucrar com a queda, ou montar uma operação de trava de baixa, que limita riscos e lucros ao combinar compra e venda de puts com strikes (preços de exercício) diferentes, também com o foco no lucro com a desvalorização de uma ação. Lucra-se quando o preço do ativo subjacente cai abaixo do preço de exercício (strike) antes do vencimento. Isso permite a revenda da opção valorizada ou então pode-se exercê-la para vender o ativo por um preço mais alto. Também é possível utilizar o short selling, que é alugar e vender a ação esperando recomprá-la mais barata. Mas, neste caso, a operação é a estratégia que envolve maior risco e complexidade para atingir o objetivo de obter ganhos com a queda do preço de uma ação.  

Por ora, cabe dizer que este relatório que publicamos foi o nosso primeiro, desde que o grupo de pesquisa se formou. E já começamos muito bem: acertando uma previsão logo de primeira. 

Desejamos um próspero Ano Novo e com muita saúde, paz e  bons investimentos em 2026 aos nossos leitores. Esperamos contribuir com nossas análises para as suas tomadas de decisões de compra e venda de ações. Porém, ressaltamos que não fazemos recomendações de investimentos, apenas divulgamos nossos resultados de pesquisa sobre análise fundamentalista, finanças computacionais e valuation. 

O LAFI é formado pelos seguintes pesquisadores:
  • Clarissa de Souza – departamento financeiro da Safras & Cifras e acadêmica do Curso de Ciências Econômicas da UFPEL.
  • Profª Dra. Daniela Miguel Coelho – Professora e pesquisadora do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Organizações e Mercados da Universidade Federal de Pelotas (DECON/PPGOM/UFPEL). Doutora em Ciências Contábeis pela Unisinos.
  • Flávio de Vasconcellos Corrêa – economista e engenheiro da UFPEL. Mestrando em Economia Aplicada no PPGOM/UFPEL.
  • Guilherme Gotuzzo – acadêmico do Curso de Ciências Econômicas da UFPEL.
  • Isabelle Braum de Mello – acadêmica do Curso de Ciências Econômicas da UFPEL.
  • Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Passos – Coordenador do LAFI. Professor e pesquisador do DECON/PPGOM/UFPEL. Doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR. Estágio pós-doutoral em Economia Computacional no Research Unit on Complexity and Economics do ISEG/Universidade de Lisboa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Relatório de valuation da Axia3 - Axia Energia ON N1 (Antiga Eletrobras)

A Axia Energia é a antiga Eletrobras, importante estatal que foi privatizada em junho de 2022. O novo nome da empresa e o novo ticker da ação foram definidos neste ano de 2025. Porém, mesmo privatizada, a companhia permanece na posição de ser a maior do setor elétrico da América Latina. Possui participação notável tanto na geração de energia (hidroelétrica, eólica, solar e termelétrica) como na transmissão, onde responde por um market share relevante na capacidade das linhas de transmissão do país. A empresa conta com um portfólio expressivo de ativos e experiência de mais de 60 anos de atuação no setor de energia.

Recentemente, houve alguns fatos relevantes que afetaram a atuação da companhia: aquisições de usinas/ativos aprovadas pelo CADE e decisões relativas à aumentos de capital/bonificações e também voltadas ao programa de crescimento e adaptação estratégica. Foram decisões que sinalizam uma situação de reestruturação e investimento.

Posicionamento estratégico

Em relação ao posicionamento estratégico, a empresa possui os seguintes pontos fortes:

  • Escala e portfólio diversificado de geração e transmissão — isto lhe confere vantagem competitiva em leilões, contratos e capacidade de integração com projetos renováveis. 

  • Reestruturação e foco em eficiência após privatização: a empresa está focada em redução de custos, venda de ativos não-estratégicos e amplicação de investimentos em linhas de transmissão e diversificação do portfolio de ativos (incluindo estudos em baterias/armazenamento), conforme seus gestores declararam recentemente à veículos de informação, como a Reuters. 

Em relação aos seus riscos, podemos citar os seguintes:

  • Risco regulatório e político: na condição de ser uma empresa ex-estatal e estratégica, ela pode ser afetada por decisões políticas e regras setoriais que podem influenciar nas suas  tarifas, contratações e estrutura de governança. 

  • Risco hidrológico e climático: que pode impactar no potencial de geração (hidro) e preços no mercado spot; eventuais secas podem inibir a geração hídrica.

  • Risco de execução em projetos e aquisições (integração, custos) — a empresa enfrenta desafios relacionados aos seus movimentos recentes de fusões e aquisições (M&A).

Suas oportunidades mais visíveis:

  • Posição favorável para participar de leilões de transmissão e geração, bem como expandir seus recursos renováveis, ampliar prestação de serviços para data centers e inovar em projetos de armazenamento e baterias. Estes pontos foram mencionados como estratégicos pela direção da empresa. 


Análise financeira

  • Rentabilidade

A margem EBITDA de cerca de  31% (TTM a set/2025) mostra que a companhia permanece com uma capacidade operacional considerável de geração de caixa antes de juros, impostos, depreciações e amortizações. 

Todavia, sua condição de expansão e, ao mesmo tempo, de reestruturação, inspira cuidados antes de considerá-la como uma sustentável geradora de caixa no longo prazo. Este ponto é reforçado pela queda desta margem na comparação com períodos anteriores mais favoráveis. Isto pode ser reflexo de desafios operacionais, queda de receita ou pressões de custos. 

O fato de a empresa ainda conseguir gerar EBITDA e reportar lucro (quando ajustado) sugere que, estruturalmente, há viabilidade operacional. Mas ainda pesa sobre ela a oscilação dos resultados (como ocorre em 2025), o que pode sugerir  vulnerabilidade a fatores externos ou extraordinários. Nesse sentido, sugere-se  monitoramento cuidadoso da consistência dos resultados.

  • Endividamento e alavancagem
A relação Dívida Líquida / EBITDA em 2,1 vezes é um tanto conservadora para uma empresa de capital intensivo como a Axia. Conforme a própria empresa, este patamar está dentro do “limite gerencial” apontado como sendo próximo de 3,0 vezes. 

Esse dado evidencia que,  neste nível de EBITDA, a empresa poderia, em tese,  amortizar sua dívida líquida em cerca de dois anos ou um pouco mais. Assim, não é um nível alto de endividamento, sobretudo levando-se em conta a estabilidade do fluxo de caixa registrada em demonstrativos anteriores.

A dívida líquida ajustada, que chegou a  R$ 72 bilhões, é elevada, mesmo considerando o tamanho da companhia e o fato de ela ser uma grande player do setor elétrico. Porém, é um nível alto, mas que não deve assustar, dado que não mostra risco elevado de solvência, sobretudo tendo em vista a robustez da sua geração de caixa.

Nesse sentido, o  ível de alavancagem é administrável e razoável para o porte e o setor em que a empresa atua. A dívida pode ser alta, porém a cobertura por EBITDA não é tão expressiva, o que ameniza a estrutura de capital da Axia. 

  • Liquidez
A liquidez corrente (em torno de 1.9–2.0) mostra que a companhia tem ativos circulantes suficientes para cobrir passivos circulantes, o que proporciona à Axis uma margem confortável para obrigações imediatas. 

O fato de o caixa ser suficiente para multiplicar por 2,5 a dívida de curto prazo é um ponto que confirmar essa capacidade de pagamento no curto prazo. 

Portanto, esse nível de liquidez é um aspecto favorável. Principalmente para empresas como a Axia: com altos volumes de investimento e de dívida . Ele sugere que, mesmo com obrigações, existe espaço para a companhia pagar pontualmente seus compromissos de curto prazo, sem depender exclusivamente da venda de ativos. Nesse sentido, a  Axia demonstra uma posição de liquidez confortável no curto prazo, o que reduz o risco de problemas imediatos de solvência ou estresse de liquidez.

Estimativas de valuation

As estimativas de preços tetos (ou valores intrínsecos) da Axia3 foram calculadas com base nos cinco mais representativos modelos de valuation por fluxo de caixa descontado. Três deles apresentaram valores bem próximos, considerando a margem de erro de R$1,37, para mais ou para menos: o de Miles e Ezzell (1980), o de Harris, Pringle e Ruback (1985 e 1994) e o de Fernández (2008). Outros dois foram até mais conservadores, no sentido de que estimaram preços tetos menores: o de Damodaran (1994) e o modelo de valuation por machine learning de Passos (2025). O modelo de Myers (1974) apresentou um valor intermediário. 



Com base nas estimativas anteriores, observamos que os modelos que apresentaram maiores potenciais de queda da ação (downsides) foram os de Damodaran (-63,84%) e Passos (-58,15%). Os outros apresentaram valores que ficaram entre a queda mínima de -46,93% (conforme o modelo de Fernández) e uma baixa intermediária de 49,86% (de acordo com o modelo de Myers). 



Em suma, todos os modelos apontaram que a ação Axia3 está cara. Nesse sentido - e considerando que nós não fazemos recomendações de compra ou venda de nenhuma ação e apenas divulgamos os resultados de nossas pesquisas -  observamos que como regra geral raramente é favorável para um investidor potencial a compra de qualquer ação com um downside tão alto, a despeito das considerações positivas que fizemos em relação à situação financeira e de posicionamento estratégico e mercadológico da empresa. 

O LAFI é formado pelos seguintes pesquisadores:
  • Clarissa de Souza – departamento financeiro da Safras & Cifras e acadêmica do Curso de Ciências Econômicas da UFPEL.
  • Profª Dra. Daniela Miguel Coelho – Professora e pesquisadora do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Organizações e Mercados da Universidade Federal de Pelotas (DECON/PPGOM/UFPEL). Doutora em Ciências Contábeis pela Unisinos.
  • Flávio de Vasconcellos Corrêa – economista e engenheiro da UFPEL. Mestrando em Economia Aplicada no PPGOM/UFPEL.
  • Guilherme Gotuzzo – acadêmico do Curso de Ciências Econômicas da UFPEL.
  • Isabelle Braum de Mello – acadêmica do Curso de Ciências Econômicas da UFPEL.
  • Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Passos – Coordenador do LAFI. Professor e pesquisador do DECON/PPGOM/UFPEL. Doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR. Estágio pós-doutoral em Economia Computacional no Research Unit on Complexity and Economics do ISEG/Universidade de Lisboa.

Nova previsão acertada: no início do mês apontamos uma potencial queda expressiva da AXIA3. E ela caiu 29,70% em apenas duas semanas..

 Conforme previmos no dia 09/12/2025, isto é, há apenas 16 dias atrás, a AXIA3 estava cotada a um preço muito acima do seu valor intrínseco ...